"Lembrei-me de uma manhã,em que encontrei um casulo de borboleta preso à casca de uma árvore, no momento em que a borboleta começava a romper o invólucro e se preparava para sair. Esperei algum tempo, mas estava com pressa e ela demorava muito. Enervado, debrucei-me a esquentá-la com meu sopro. Eu o esquentava impaciente e o milagre começou a se desfiar diante de mim em um ritmo mais rápido que o natural. Abriu-se o invólucro e a borboleta saiu arrastando-se. Não esquecerei jamais o horror que tive então: suas asas ainda não haviam se formado e, com todo o seu pequeno corpo trêmulo, se esforçava para dobrá-las. Debruçado sobre ela, eu a ajudava com meu sopro. Em vão. Um paciente amadurecimento era necessário e o crescimento das asas devia fazer-se lentamente ao sol: agora era muito tarde. Meu sopro havia obrigado a borboleta a mostrar-se, toda enrrugada, antes do tempo. Ela se agitou desesperada e, alguns segundo depois, morreu na palma da minha mão."
Conto de Nikos Kazantzkis.
Reflita sobre o tempo em que as coisas de fato precisam...
sábado, 8 de maio de 2010
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